No início vemos que a Dreamworks investiu todas as suas fichas nessa animação, até a famosa abertura (que seja dito, é uma das mais empolgantes e fantasiosas entre os grandes estúdios) em que um garoto está pescando, sentado calmamente a balançar os pés na lua, ganha roteiro próprio. Sendo substituída por um curta que mostra um macaco que corre sobre as águas, salta sob as nuvens até atingir, aí sim, a lua e lançar sua vara de pesca, somos desde o primeiro segundo lançados, como o anzol na água, na atmosfera de Kung Fu Panda, a musicalidade e as paisagens chinesas aparecem desde os primeiros quadros.
Podemos falar sobre o roteiro, que foi pobre. Não há surpresas, não há novidade, o que resultará no clímax do longa se anuncia nos primeiros cinco ou dez minutos, a linha narrativa é fixamente reta, sem desvios, o que talvez explique o grande sucesso dessa produção frente a Wall-e. Foi sabido que, no Brasil, em pleno período de férias escolares, KFP estava levando mais pessoas (para os mais ávidos, crianças) às suas salas do que às salas do concorrente pixariano.
Tal produção não veio para nos seduzir pelo brilho do roteiro, mas sim, pela graça da boa gag e piada falada. O começo, em animação 2D, nos dá o tom do filme, diálogos dinâmicos e fáceis de serem lidos nas legendas (digo isso, pois, em Batman – Gotham Knight, em algumas vezes não somos capazes de acompanhar certas falas, dada a velocidade dos diálogos e feedback’s), a fantástica China “Kung Funiana”, de vôos fantásticos, golpes invisíveis a uma câmera comum, e toda aquela redoma na qual fomos envolvidos desde O Tigre e o Dragão.
As gags em KFP são usadas em demasia, porém, nunca ultrapassam o ponto. Até mesmos as mais antigas como o vôo desavisado do pato de recados, que ansioso para avisar aos guardas da prisão que reforcem a segurança, bate em cheio numa coluna do palácio do mestre Oogway. O jeitão desajeitado dos pandas foi aproveitado ao máximo pelo diretor Mark Osborne, Po protagoniza as maiores piadas visuais, porém, ao seu lado e não menos importante nessa atividade, figura o “velho tartaruga louco” Oogway, que como se não bastasse seu Mal de Parkinson constante e seu queixinho pronunciado anunciando uma tremenda falta de dentes, se alia ao humor com os famigerados provérbios chineses. O timming da animação é brilhante, rápido, bem pensado, contrastante com o nosso urso gordo, pesado e desajeitado. O design dos personagens, não muito relativo à realidade, aumenta o tom cômico dessa produção. Posso dizer que ao final de tudo ri muito, me diverti com Po, os mestres sábios e o quinteto furioso, observando uma característica épica: as piadas gestuais.
Um comentário:
to aqui pensando...pensando em algo pra comentar sobre o filme.
mexer o filme.
desconstruir.
falar dos conceitos, imagens, discursos que permeiam ele.
essas coisas que só historiadores páram pra ver nos filmes.
talvez falar dos estereótipos.
ou criticar a visão ocidental da filosofia de vida oriental. (mas isso me faria alvo de olhares recriminantes seguidos de "vai morar lá pra tu ver o que é bom!" oh céus! santo egocentrismo!)
quem sabe seria uma boa falar da história?
não teria muito o que falar sobre isso.
dizer que não ri com po?
(isso iria revelar meu lado ranzinza? deixa pra lá.)
eu poderia dizer que achei o filme bonito.digo assim, visualmente. cores bonitas, aliás lindas.
mas eu não entendo disso.
na verdade eu acho que pra comentar no seu blog eu deveria ler um livro sobre animação. saber o que é uma "boa gag" ou entender como o timming de uma animação é brilhante ou não.
então...
apareço por aqui depois.
=***
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