quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Sim, um panda que luta Kung Fu


No início vemos que a Dreamworks investiu todas as suas fichas nessa animação, até a famosa abertura (que seja dito, é uma das mais empolgantes e fantasiosas entre os grandes estúdios) em que um garoto está pescando, sentado calmamente a balançar os pés na lua, ganha roteiro próprio. Sendo substituída por um curta que mostra um macaco que corre sobre as águas, salta sob as nuvens até atingir, aí sim, a lua e lançar sua vara de pesca, somos desde o primeiro segundo lançados, como o anzol na água, na atmosfera de Kung Fu Panda, a musicalidade e as paisagens chinesas aparecem desde os primeiros quadros.

Podemos falar sobre o roteiro, que foi pobre. Não há surpresas, não há novidade, o que resultará no clímax do longa se anuncia nos primeiros cinco ou dez minutos, a linha narrativa é fixamente reta, sem desvios, o que talvez explique o grande sucesso dessa produção frente a Wall-e. Foi sabido que, no Brasil, em pleno período de férias escolares, KFP estava levando mais pessoas (para os mais ávidos, crianças) às suas salas do que às salas do concorrente pixariano.

Tal produção não veio para nos seduzir pelo brilho do roteiro, mas sim, pela graça da boa gag e piada falada. O começo, em animação 2D, nos dá o tom do filme, diálogos dinâmicos e fáceis de serem lidos nas legendas (digo isso, pois, em Batman – Gotham Knight, em algumas vezes não somos capazes de acompanhar certas falas, dada a velocidade dos diálogos e feedback’s), a fantástica China “Kung Funiana”, de vôos fantásticos, golpes invisíveis a uma câmera comum, e toda aquela redoma na qual fomos envolvidos desde O Tigre e o Dragão.

As gags em KFP são usadas em demasia, porém, nunca ultrapassam o ponto. Até mesmos as mais antigas como o vôo desavisado do pato de recados, que ansioso para avisar aos guardas da prisão que reforcem a segurança, bate em cheio numa coluna do palácio do mestre Oogway. O jeitão desajeitado dos pandas foi aproveitado ao máximo pelo diretor Mark Osborne, Po protagoniza as maiores piadas visuais, porém, ao seu lado e não menos importante nessa atividade, figura o “velho tartaruga louco” Oogway, que como se não bastasse seu Mal de Parkinson constante e seu queixinho pronunciado anunciando uma tremenda falta de dentes, se alia ao humor com os famigerados provérbios chineses. O timming da animação é brilhante, rápido, bem pensado, contrastante com o nosso urso gordo, pesado e desajeitado. O design dos personagens, não muito relativo à realidade, aumenta o tom cômico dessa produção. Posso dizer que ao final de tudo ri muito, me diverti com Po, os mestres sábios e o quinteto furioso, observando uma característica épica: as piadas gestuais.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

O Cavaleiro de Gotham


Dividido em seis partes, Batman – Gotham Knight, mostra histórias que se passam após Batman – Begins e antes de Batman – The Dark Knight. Lançado em DVD alguns meses antes de The Dark Knight, foi um projeto que reuniu vários estúdios de animação japoneses, o que deu à produção um caráter total de anime. Um estúdio que se destaca (se for justo usar esse termo) é o Studio 4º C, responsável pelo longa de animação Tekkonkinkreet. O destaque fica a cargo da responsabilidade assumida de desenvolver dois capítulos dessa produção “Have I Got a Story for You” e “Working Through Pain”, onde, no primeiro, é claramente notado o mesmo estilo de traços, formas e cores apresentado no filme a pouco citado.

Assistir a Batman – Gotham Knight funciona sim como um prelúdio para The Dark Knight. A partir dele entendemos melhor como funciona a relação entre o herói e a cidade, a criação do mito, a intimidade com a polícia, as características sobre-humanas desenvolvidas pelo homem-morcego, o estado de criminalidade no qual Gotham se encontra, onde gangues se enfrentam a todo tempo. Falando sobre o mito, é fantástico admirar a inventividade da direção de Shojiro Nishimi, que ilustra através de uma fantasia incrível, a lenda urbana na qual o cavaleiro negro estava se tornando, homem animal, homem máquina, talvez nem mesmo... humano.

A qualidade dos desenhos é incrível, totalmente parelha com o que é feito no Studio Ghibli de Hayao Miyazaki, os estilos mudam a cada história, mas a beleza não. Há momentos em que podemos visualizar uma página dos quadrinhos transposta para a tela, tamanha a vivacidade e respeito empregados no desenho (não é porque o desenho ganha movimento que se torna obrigatoriamente “vivo”, a desenhos em revistas que são muito mais vivos do que episódios inteiros da série Pokémon, por exemplo - respeitando aqui os estilos individuais). Os diálogos muitas vezes soam como uma boa literatura. Por fim, torna-se muito agradável ouvir e ver esse filme.